A extração da pedra da loucura, Hieronymus Bosch, 1475-1480. |
Por Jorge Folena
O Supremo Tribunal Federal, na sessão de julgamento de 22/05/2020, em que analisou a constitucionalidade da Medida Provisória 966/2020, entendeu que, para não serem responsabilizados por decisões tomadas em relação à pandemia do COVID-19, os agentes públicos deverão “observar critérios técnicos e científicos de entidades médicas e sanitárias.”
Porém, pressionados pelo Presidente da República (que dificulta qualquer medida de combate ao COVID-19) e por alguns empresários gananciosos, diversos governos estaduais e municipais estão autorizando a “retomada” de atividades econômicas e o afrouxamento das medidas sanitárias pelo país a fora. E isto ocorre sem que o governo federal crie condições para que as pessoas tenham efetiva capacidade econômica para aquisição de bens e serviços, uma vez que, antes da pandemia, existia um grande número de desempregados e uma grave crise econômica no Brasil.
Cientistas da Organização Mundial de Saúde e importantes entidades públicas nacionais, dedicadas à investigação científica na área da infectologia apontam, neste momento, que:
“Brasil dobra mortes por coronavírus em 16 dias e passa de 30 mil. (...) Mais cedo, a OMS alertou que ainda não atingimos o pico da pandemia.” (Portal G1, em 01/06/2020, 21h53)
“Flexibilização ocorre em época de alta circulação de vírus respiratório, diz FIOCRUZ. Coordenador do Infogrip considera que abertura agora é precipitada e arriscada.” (Portal G1, em 02/06/2020, 5h00)
Vê-se assim que, o Presidente, ao propor no início de maio a Medida Provisória 966/2020, que isenta de responsabilidade os agentes públicos por medidas tomadas em relação à COVID-19, procurava abrir caminho para a irresponsabilidade dele e dos demais governantes, rumo à aventura suicida da retomada econômica, que retira a vida de milhares de brasileiros e deixa um enorme contingente de pessoas enfermas pela contaminação do vírus.
Desse governo, cujo ministro da economia, na reunião palaciana de 22/04/2020, anunciou aos berros e com sorriso nos lábios que “vamos ganhar muito dinheiro utilizando recursos públicos para salvar grandes empresas”, não se pode esperar muita coisa, só a destruição do país!
Sem dúvida, o Brasil foi tomado por uma loucura total, que não permite que as pessoas tenham paz nem para se preservar contra uma grave pandemia, que nem sequer chegou ao pico por aqui, que levará muitas vidas por conta da irresponsabilidade dos agentes públicos dos diversos governos, que serão um dia condenados por suas ações de precipitada retomada das atividades comerciais e afrouxamento das medidas sanitárias.
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