A
política, como a vida, deve ser conduzida pelo equilíbrio de forças. Quando
impera o desequilíbrio, a desordem se faz presente e pode conduzir aos piores
de todos os males da política, que são a ausência de paz e a guerra (Hobbes), e
esta última elimina a vida humana. Por isso, David Hume manifesta que “todos os
homens são sensíveis à necessidade de paz e de ordem para a manutenção da
sociedade.”
Porém,
o que menos se viu nos últimos meses no Brasil foi a condução da política para
a manutenção da sociedade. Os índices de desaprovação política de Michel Temer
(MT) revelam o completo fracasso de sua proposta de reconstrução do Brasil. Ao
contrário, em apenas 6 meses, o seu desgoverno encaminhou o Brasil rumo ao total
desequilíbrio político, social e econômico, tornando insustentável a sua
permanência à frente da gestão do país, que vem despencando em todos os
indicativos de desenvolvimento.
É
certo que o vice-presidente, neste curto período em que assumiu a Presidência
da República, tomou medidas econômicas extremadas contra os interesses da população
e da soberania nacional.
E,
até o momento, nenhum de seus atos foi no sentido de fazer a conciliação
nacional, tão proclamada desde o afastamento provisório de Dilma Rousseff da
Presidência da República, em maio de 2016. Ao contrário do anunciado, o desgoverno fez a
economia encolher drasticamente e transferiu-se para os mais pobres o pagamento
da conta, mediante o corte dos programas sociais de transferência de renda
(eleitos como vilões de todos os males do país). Na área econômica, o
desgoverno trata das suas atribuições como se fosse uma simples contadoria, em
que se deve apenas limitar os gastos.
MT
e seus assessores econômicos parecem ignorar que é necessária a participação
estatal para incentivar o desenvolvimento nacional, completamente retraído
nestes últimos meses, para, assim, ser retomada a economia, com a geração de
trabalho, produção e renda, que fazem o povo prosperar e tornam um país
soberano.
Como
se sabe, a economia deve ser destinada ao cuidado da vida e do bem estar das
pessoas (valores maiores de uma sociedade), não devendo ser direcionada apenas
para os ganhos de alguns poucos. Pois o país que não consegue suprir as necessidades
básicas do seu povo permite que aflorem a desordem e o caos social, que devem
ser evitados por todos os governos.
Em
um curto espaço de tempo, a Petrobras – principal empresa brasileira e acusada
de ser o nicho de corrupção, em todos os governos do PSDB, anteriores ao do PT –
está sendo desmontada em favor de interesses estrangeiros e do mercado especulativo, na medida em que o
desgoverno permitiu – sem qualquer resistência, que a empresa deixe de ter assegurada
a sua participação mínima de 30% na exploração do Pré-sal, uma das maiores
reservas de petróleo do mundo.
Neste
processo de desmonte do país, tem sido permitido, sem qualquer restrição por MT e seus
assessores, o livre acesso à compra de grandes extensões de terras por estrangeiros,
o que põe em perigo a soberania nacional; da mesma forma, especula-se com a comercialização
da base de lançamento de foguetes de Alcântara, no Maranhão, o que atenta também
contra a soberania do país; e aposta-se no enfraquecimento das suas empresas
nacionais do setor de construção.
As
propostas de emenda à constituição, totalmente impopulares, que têm o propósito
de congelar por 20 anos os investimentos em áreas de saúde e educação e relegam ao infinito o direito à aposentadoria, lançam
o país na mais completa escuridão e retiram do povo qualquer sentimento de
esperança em um futuro melhor.
Sem
expectativa de esperança não se constrói uma nação nem se fortalecem os laços
de cidadania, necessários para a constituição de um povo. Parece até que o
desgoverno Temer trabalha para fracionar o país, o que nos põe diante da real
possibilidade de quebra da unidade nacional do que hoje ainda conhecemos como Brasil,
um país grande e rico. Nesta hipótese, as riquezas materiais e imateriais do
país não serão mais divididas com o povo (mais de duzentos milhões de pessoas),
que constitui um grande mercado consumidor interno, de importância estratégica.
O desgoverno age de forma contrária ao interesse nacional, ao ignorar que deve
ser assegurado o tratamento preferencial às empresas brasileiras,
principalmente as de pequeno porte, como orienta a Constituição Federal, no seu
capítulo da ordem econômica (artigo 170, IX).
A proposta
de reforma do ensino, enviada ao Congresso, bem como as mencionadas propostas
de emenda constitucional do corte de gastos e da previdência, não foram
discutidas com a sociedade; foram impostas, como se faz nos governos tirânicos,
que não respeitam os princípios básicos de uma democracia.
Como
constatado, o atual parlamento não tem apresentado as condições necessárias de
representatividade do povo brasileiro, pois está, em sua grande maioria,
vinculado aos interesses dos seus financiadores de campanha eleitoral.
Até
aqui, o desgoverno Temer tem colecionado denúncias e comprovações graves de
corrupção dos seus agentes e colaboradores, o que só faz aumentar o caos e o
desequilíbrio político no país.
Com
efeito, não se faz política com desequilíbrio. A base de uma sociedade política
moderada – como constatou Montesquieu, ao seu tempo na Inglaterra – tem no
equilíbrio das forças políticas e sociais a manutenção do Estado e do governo.
E
equilíbrio é algo que não se vê no desgoverno Temer; tampouco seus aliados
(como o PSDB, de FHC) têm apresentado as condições para o restabelecimento da
paz política no país, como visto nos últimos seis meses; ao contrário, seu
comportamento e as denúncias contra eles têm alimentado a insatisfação popular.
É
necessário reconstruir politicamente o Brasil, retomar o desenvolvimento para
gerar trabalho, produção e renda para todas as classes sociais, e não somente
vantagens para o mercado financeiro, que especula com o destino o país.
Mas
para isto é necessário que Michel Temer renuncie imediatamente ao cargo que
está ocupando, como manifestou o senador Ronaldo Caiado (do Democrata), e o que
deseja mais de 60% da população, conforme apurado em pesquisa de opinião
pública.
Somente
assim haverá a possibilidade de se instalar um governo provisório de
concertação nacional, articulado com moderação entre todas as forças políticas
do país e com duração específica para a convocação de nova eleição presidencial,
para, deste modo, ser restabelecida a retomada da esperança para o povo brasileiro.
Comentários
Postar um comentário