Pular para o conteúdo principal

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E POLÍTICA

O homem controlador do Universo, de Diego Rivera,  1934.
Na reunião do Fórum Econômico Mundial, em janeiro de 2017, na cidade de Davos na Suíça, um dos temas debatidos foi a substituição da força de trabalho humana por robôs. 
Estima-se que tal substituição poderá colocar em perigo mais de quinhentos milhões de empregos no mundo. 
O uso da robótica não têm ficado limitado a linha de produção, mas também tem influenciado a política contemporânea, por meio da rede mundial de computadores, pois com frequência são utilizados robôs para influenciar a vontade popular, num papel semelhante ao desempenhado pela mídia para a formação da opinião pública. 
Como revelou Julian Assange, em entrevista ao jornalista Fernando de Morais (postada em 10 de janeiro de 2017, no blog Nocaute), nos dias de hoje os robôs induzem as pessoas a acreditar que o caminho programado pela máquina é o melhor a ser trilhado pela sociedade; quando, na verdade, trata-se de uma vontade viciada, pois é manipulada pelo controlador da informação, que se esconde por detrás de uma “inteligência artificial”. 
Esta situação é muito grave para a política, que necessita efetivamente da participação da sociedade, mas que, num modelo liberal tradicional, é construída conforme a influência exercida pela chamada opinião pública. Por outro lado, a “inteligência artificial” dos robôs, presente de forma atuante na rede mundial de computadores, não tem coração nem sentimento, sendo dirigida para controlar a vontade das pessoas e com interferência direta sobre suas vidas.  
Este tema da “inteligência artificial” como  influência sobre a vida social necessita ser aprofundado em pesquisas para conhecermos o grau de influência exercida pelos robôs no destino da política, pois tem o poder de atuar como instigador de massas, podendo iniciar levantes, golpes e/ou falsas revoluções (a exemplo do ocorrido em 2010, na denominada “Primavera Árabe”, ou em 2013, no Brasil e na Turquia),  na medida em que não tais movimentos não têm demonstrado a capacidade  de promover mudanças no quadro político, social e econômico. 
Pelo contrário, o que se tem visto como consequência é o agravamento das crises sociais, com governos e parlamentos trabalhando diretamente contra os interesses da população, num grande desvio da finalidade da política – que é atender às expectativas dos homens, e não agir contra eles e em favor da ordem econômica, que esta se valendo até mesmo de robôs para substituir o homem como força de trabalho, na busca do lucro desenfreado. 
A economia, como prática da vida, só existe para satisfazer as necessidades humanas. Quando a economia falha, é porque a sociedade política assim o permitiu, seja por sua omissão ou pela opção por um caminho diverso do ajustado na formação do Estado, que foi criado com a finalidade de se estabelecer a paz. 
Não existe paz em sociedades em que os direitos humanos fundamentais não são atendidos e onde prevalecem a miséria e a espoliação da população. Em sociedades deste tipo, a política fracassou, pois não conseguiu estabelecer um mínimo de justiça. E pode-se dizer que o fracasso da política é o fracasso da elite e do Estado por ela controlado.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SEQUESTRO DAS NAÇÕES PELO CAPITAL

Foto de Aly Song/Reuters O jornalista Andy Robinson, em seu livro “Um repórter na montanha mágica” (Editora Apicuri, 2015), revela de que forma os integrantes do exclusivo clube dos ricos de verdade comandam a política universal, a partir da gelada Davos, e patrocinam a destruição de nações inteiras para alcançar seus objetivos econômicos particulares. Muito antes que alguns cientistas sociais cunhassem a expressão “tropa de choque dos banqueiros”, ao se referirem ao grupo considerado como classe média, Robinson desvendou como aqueles menos de um por cento da população universal manipulam sem qualquer piedade os outros noventa e nove por cento, inclusive promovendo ações sociais de suposta bondade, que contribuem para aumentar e perpetuar a miséria entre os povos. Ao falar sobre as mencionadas ações caritativas, patrocinadas por bilionários como Bill Gates e o roqueiro Bono da banda U2, Slavoj Zizek rotulou seus realizadores   de “comunistas liberais”, que manipulam org...

O país ingovernável

  Por Jorge Folena   No dia 27 de julho de 1988, o ex-presidente José Sarney, com certo tom de ameaça, dirigiu-se aos constituintes, em cadeia nacional de rádio e televisão, para afirmar, ao longo de vinte e oito minutos, que o texto constitucional que estava para ser aprovado deixaria “o país ingovernável”.  Na verdade, José Sarney manifestou na ocasião os interesses mais atrasados da classe dominante brasileira, que entendia que o reconhecimento dos amplos direitos sociais inseridos na Constituição brasileira de 1988 teria um grande impacto sobre o orçamento geral da União, controlado para satisfazer apenas os interesses dos muito ricos, deixando os pobres entregues à própria sorte. É importante lembrar, por exemplo, que, antes da Constituição de 1988 não existia o sistema único de saúde com atendimento universal para todos os brasileiros.  E o presidente Sarney, com o velho e surrado argumento, afirmava que o novo texto constitucional representaria um desencorajam...

Superação do fascismo no Brasil

A nau dos loucos de H. Bosch Por Jorge Folena   Infelizmente, as instituições têm normalizado o fascismo no Brasil. E foi na esteira dessa normalização do que deveria ser inaceitável que, na semana passada circulou nas redes sociais (em 02/07/2024) um vídeo de treinamento de policiais militares de Minas Gerais, em que eles corriam pelas ruas cantando o refrão “cabra safado, petista maconheiro”. [1] O fato configura um absurdo atentatório à Constituição, pelo qual todos os envolvidos (facilmente identificáveis) deveriam ter sido imediatamente afastados das suas funções, inclusive sendo determinadas prisões disciplinares, e, em seguida, sendo processados administrativa e criminalmente.  Outro caso esdrúxulo foi o de um desembargador do Paraná, que em plena sessão de julgamento, não teve qualquer escrúpulo em derramar toda a sua misoginia, ao criticar o posicionamento de uma mulher (o caso analisado no tribunal era de uma menina de 12 anos, que requereu medida protetiva contra a ...