O mestiço. Candido Portinari, 1954.
Por Pedro Teixeira Greco
O Brasil vem passando por um contexto econômico peculiar em que vivenciamos a ascensão do neoconservadorismo, do neoliberalismo, do globalismo, do nacionalismo ufanista exacerbado, da desindustrialização, da concentração fundiária no meio rural, da biopirataria, das privatizações de serviços básicos como saúde e educação, do agrobusiness das desigualdades sociais e das desparidades regionais.
Ao mesmo tempo estamos passando um momento social em que se busca minar o estado do bem estar social brasileiro, desmontando a proteção trabalhista e previdenciária, aflorando ainda mais a pobreza e a miséria, aumentando os casos de escravidão contemporânea rural e urbana, desvalorizando os movimentos sociais, entidades de classe trabalhadora e os sindicatos laborais, enfraquecendo a agricultura familiar e acentuando a exclusão social, a xenofobia, o racismo, a LGBTQIA+fobia e o sexismo.
Dito de outra forma, talvez estejamos experimentando uma tempestade negativa perfeita em que algumas concepções excludentes e elitistas, tanto econômicas quanto sociais, estão em voga e outras que desejam uma sociedade brasileira mais justa, equânime e solidária estariam em descrédito.
Nesse horizonte, vemos que o capitalismo predatório brasileiro, selvagem, colonial tenta ganhar força, havendo em verdade um terreno fértil para o seu crescimento e nisso se percebe que a acumulação de capital, terras, status, riqueza e poder são as máximas que orientam muitos agentes (públicos e privados).
Nessa seara, vê-se que os recursos naturais e sociais são finitos e tudo esse aparato acaba levando a criação de micro feudos de bonança e prosperidade no Brasil, enquanto a maioria dos brasileiros vive com pouco.
Nesse contexto, fica enaltecido a espoliação das classes pauperizadas e dos trabalhadores assalariados do Brasil por alguns setores dominantes que tentam obrigar uma lógica imperialista do “nós contra eles” e da competição sem limites em que existem inimigos a serem conquistados e que o diferente é alguém a ser subjugado para que se mantenha o status presente de concentração de privilégios.
Dessa forma, percebe-se que populações tradicionais, ribeirinhas, quilombolas, nativo americanos, grupos de agricultura familiar pessoas moradores de comunidades onde exista informalidade fundiária são considerados inconvenientes para os setores dominantes que ainda operam com uma bússola do senhor do engenho em que devem todos sucumbir aos seus desígnios.
Isso se explica, pois esses grupos estariam atrapalhando o progresso econômico e o avanço da eficiência no trato da terra. Por isso esses segmentos deveriam desaparecer ou ainda serem expulsos para rincões distantes.
Com isso, estaríamos “limpando” a sociedade dos indesejáveis, daqueles, que supostamente, geram e reproduzem o atraso social, atrapalhando o nascimento de latifúndios rurais, de condomínios fechados urbanos e de mais concentração de renda.
Ainda é preciso dizer que tudo passa a ser vigiado e se necessário militarizado tudo para assegurar a livre circulação de capitais e com isso uma maior facilidade para a maior acumulação de dinheiro, sem que isso signifique uma livre circulação de pessoas, dado que os capitalistas brasileiros querem os recursos naturais humanos, sociais e financeiros de pessoas menos favorecidas ou ainda de países em desenvolvimento, mas não buscam a presença ou o contato desses mesmos grupos em seus espaços.
Essa é uma das ironias do sistema capitalista brasieliro caso não seja bem guardado e organizado levará a maiores discrepâncias entre as pessoas levando à elevação no número de bilionários e no mesmo passo no aumento de miseráveis que estão em situação de insegurança alimentar.
Pelo exposto, temos uma tarefa hercúlea para ser executada que passa por dar encaminhamento na pauta econômica, observando as questões sociais que não podem e não devem ser desprezadas, dado que elas não estão em lado opostos, podendo ser perfeitamente conciliáveis.
Comentários
Postar um comentário