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Mostrando postagens de janeiro, 2016

A ESPERANÇA VEM DOS SUBÚRBIOS

Em meu último livro, “O Poder Judiciários e as ditaduras brasileiras”, formulei a seguinte indagação: “como romper com um passado autoritário, que ainda se manifesta presente?” A pergunta é direcionada aos que ainda hoje defendem comportamentos e instituições ditatoriais, mesmo após mais de trinta anos do encerramento formal do último regime de exceção no país. Digo isto porque o pensamento político-institucional da classe dirigente que nos governava até então (e que hoje reage ao governo federal, eleito democraticamente) pouco mudou e demonstra sem receio os interesses que representa. Assim percebemos o predomínio e o favorecimento de grupos econômicos, entre eles as empresas que controlam meios de comunicação social, com seus jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão, que foram conquistados durante a última ditadura. Por meio de alguns de seus prepostos, este importante segmento transmite a ideia de um país sem esperança, no qual o povo pobre, composto na sua expressiv...

ELITE BRASILEIRA SEMPRE OPTOU PELO SUBDESENVOLVIMENTO

A elite brasileira sempre optou pelo subdesenvolvimento, uma vez que nunca apostou no crescimento de todos,   que somente pode ocorrer com o surgimento de uma classe trabalhadora com capacidade de consumo para dinamizar a economia e o desenvolvimento nacional. Ao postergar o progresso da sociedade como um todo, a elite brasileira imagina ser possível controlar a maioria da população, que não tem como prosperar e se desenvolver. Quando se tentou mudar esta lógica, a partir do início do século XXI, com a ampliação da renda dos trabalhadores mediante reajustes genuínos do salário mínimo, e, também, com a implantação de programas de distribuição de renda, iniciou-se o mal-estar político no país. E tal insatisfação foi claramente atribuída às políticas públicas que geraram alguma forma de cidadania aos trabalhadores, promovendo melhorias reais em suas vidas. O patrimonialismo brasileiro, forjado nas bases do coronelismo, mantém-se ativo até hoje, mesmo no Brasil urbano, em que “c...

A EXPLORAÇÃO NO MUNDO EM 2016 - PARTE II

( Continuação ...) Outra forma de exploração promovida por essa pequena parcela dos mais ricos ocorre com a ajuda institucional de governos, em conjunto com os parlamentos, que aprovam leis que favorecem o endividamento público dos países e concedem vantagens fiscais para os bancos. Neste caso, os títulos das dívidas públicas dos estados soberanos são rigidamente controlados por alguns bancos, que exigem elevadas taxas de remuneração e impõem a privatização do patrimônio público, a concessão de lucrativos serviços públicos, reformas das garantias trabalhistas vigentes e a ampliação dos mecanismos de precarização das relações de trabalho, além da diminuição da atuação estatal no controle e fiscalização da economia. Tudo isso enfraquece os países (que têm sua soberania aviltada) e a sociedade (que precisa trabalhar mais dias e horas para pagar a elevada conta apresentada). Porém, o mais perverso é que os cidadãos, por não compreenderem o que se passa, são jogados uns contra os ou...

A EXPLORAÇÃO NO MUNDO EM 2016 - PARTE I

Em todo mundo (inclusive no Brasil, neste momento) estão sendo exigidos mais aumentos de tributos (particularmente sobre o consumo), redução do pagamento de pensões aos idosos, ampliação da idade para a concessão de aposentadorias, redução de gastos sociais, congelamento de salários, mais privatizações, concessões etc. É a imposição das forças hegemônicas, lideradas pelos banqueiros, contra todas as formas de organização do trabalho (aí incluídos a legião de miseráveis, os desempregados, os que lutam para se manter em seus empregos formais e aqueles submetidos a relações precarizadas de trabalho). Tal imposição, hoje, alcança até mesmo o que restou de segmentos empresariais, como comerciantes, industriais e prestadores de serviços, que resistem para manter suas atividades econômicas fora do controle direto ou indireto dos bancos (que manipulam o setor produtivo com a cobrança de taxas exorbitantes de juros e custosos serviços bancários). No atual contexto histórico, o conceito d...

GOVERNO DILMA ROUSSEFF II E MAQUIAVEL - PARTE II (Continuação)

Além da nomeação de Joaquim Levy, a presidenta Dilma, talvez pela carência de   uma maior virtude política, cometeu outro erro, no início de fevereiro de 2015, quando tentou medir força com um político sem expressão e sem maiores credenciais, mas que veio a receber total apoio da mídia, que lhe conferiu projeção nacional no papel de algoz do governo. Porém, com a mesma rapidez com que cresceu sua notoriedade, ele hoje se vê enredado com a divulgação de contas bancárias no exterior, em seu nome e no de seus familiares. Ora, a Presidência da República não poderia jamais revelar sua intenção ou preferência na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, que deveria ser um ato exclusivo, interna corporis , dos deputados. Ao revelar sua opção, a presidenta se colocou em posição de fragilidade e tornou-se previsível; erro que jamais pode ser cometido   por um governante.   Assim, a presidenta Dilma deu margem para que, ao longo de todo o ano de 2015, fosse ainda mais...

GOVERNO DILMA ROUSSEFF II E MAQUIAVEL

Em 1. º de janeiro de 2015, Dilma Rousseff   e Michel Temer tomaram posse para o segundo mandato à frente do governo do Brasil. Após uma disputadíssima eleição, na qual as forças opositoras contaram com o apoio irrestrito das reacionárias empresas de comunicação social, a chapa formada pelo PT e PMDB saiu vencedora no segundo turno de   votação. Entretanto, ao invés de manter o ministério anterior, formado com os partidos aliados e consagrado nas urnas em outubro de 2014, a presidenta resolveu alterar várias pastas ministeriais, a começar pela Fazenda e Planejamento. Acredito que, influenciada pela forte pressão ditada pelos meios de comunicação (que sempre trabalharam contra os governos do PT e suas coligações, desde a primeira vitória de Lula, no final de 2002), a presidenta Dilma substituiu Guido Mantega por Joaquim Levy, oriundo do Banco Bradesco,   no Ministério da Fazenda. Assim, muito provavelmente atendendo ao apelo dos banqueiros, o...

SÉRIE OS TRIBUNAIS NAS DITADURAS BRASILEIRAS IX

  Conclusão A investigação realizada, com relação ao posicionamento do Supremo Tribunal Federal nas acusações de “crimes políticos”, julgadas entre 1.º de abril de 1964 (quando foi dado o golpe militar no Brasil, que destituiu o governo democraticamente eleito do Presidente João Goulart) até dezembro de 1966, nos revelou que,   apesar de os juízes, em sua quase totalidade, terem sido nomeados nos governos anteriores à ditadura de 1964/1985, a maioria mostrava-se muito sensível à causa do “movimento revolucionário” ou “movimento armado de 31 de março” (assim denominado por alguns ministros), conforme suas manifestações, acima destacadas. Por outro lado, pode-se observar que os juízes (principalmente os três que foram afastados/aposentados compulsoriamente em janeiro de 1969, depois da vigência do Ato Institucional 05/1968), a despeito de alguns deles serem oriundos do Partido Socialista Brasileiro (casos de Hermes Lima e Evandro Lins e Silva), prof...