(Continuação ...)
Outra
forma de exploração promovida por essa pequena parcela dos mais ricos ocorre
com a ajuda institucional de governos, em conjunto com os parlamentos, que aprovam
leis que favorecem o endividamento público dos países e concedem vantagens
fiscais para os bancos.
Neste
caso, os títulos das dívidas públicas dos estados soberanos são rigidamente controlados
por alguns bancos, que exigem elevadas taxas de remuneração e impõem a
privatização do patrimônio público, a concessão de lucrativos serviços
públicos, reformas das garantias trabalhistas vigentes e a ampliação dos
mecanismos de precarização das relações de trabalho, além da diminuição da
atuação estatal no controle e fiscalização da economia. Tudo isso enfraquece os
países (que têm sua soberania aviltada) e a sociedade (que precisa trabalhar
mais dias e horas para pagar a elevada conta apresentada).
Porém,
o mais perverso é que os cidadãos, por não compreenderem o que se passa, são
jogados uns contra os outros, reduzidos à defesa de seus interesses de
sobrevivência, restando quase certa a “naturalização” da exploração (Slavoj Zizek).
A
materialização de tais objetivos se efetiva pelo controle do poder midiático e
da radiodifusão, que propaga na consciência do povo o medo e a incerteza que
paralisam a sociedade. E esta, em vez de
trabalhar para promover o desenvolvimento e a geração de renda, suspende o processo
de produção e deixa seus recursos depositados nos bancos.
O
momento, mais do que nunca, exige reflexão. Já faz um certo tempo que se
inculcou a ideia de que, de um lado está o Estado e, do outro, a sociedade
civil, como se fossem coisas diversas e inimigas entre si (Ellen Wood). Com
isto, pavimentou-se o caminho para convencer os cidadãos de que não existe mais
luta de classes na democracia atual. Sob essa falsa premissa, o Estado é
controlado pelos muito ricos, que
exploram a todos.
Ora,
ao contrário do que se pretende impor como verdade, mais do que nunca o
conceito de luta de classes se mostra
evidente, como esclarece Domenico Losurdo, pois o grau de exploração e
desigualdade se amplia cada vez mais, com os poucos ricos exigindo mais
trabalho do resto do conjunto da sociedade. É o que se revela com a
universalização da desvalorização dos trabalhadores formais e informais, e
também dos segmentos empresariais, que estão endividados, submissos e sem capacidade
de reação diante do poder dos bancos.
Em
igual medida, o conceito de luta de classes também está vinculado à proibição de
qualquer forma de financiamento privado de campanhas eleitorais, uma vez que mais
os ricos, com o poder do dinheiro, detêm a capacidade de controlar todos os
cargos eletivos nos governos e no parlamento, retirando da classe média e dos
pobres o direito à representação.
Assim,
diante do dilema das imposições feitas pelas instituições que representam os
interesses dos ricos, os gregos, em 2015, nos abriram a possibilidade de “ver
para conhecer” (Santo Agostinho).
Com
efeito, estes acontecimentos, ora enfrentados e confrontados pelos helênicos, possibilitam
à humanidade enxergar que está sendo imposta uma dura forma de exploração dos
povos, implementada pelos bancos, que controlam a economia; que sufocam os
países com a exigência de reformas previdenciárias e trabalhistas; impõem arrochos
salariais e a redução de investimento público em áreas sociais (saúde, educação
e moradia); que induzem a privatização de empresas públicas, se apoderam de
concessões de serviços públicos rentáveis e levam os estados a um excessivo e
descontrolado endividamento.
Ademais,
pode-se afirmar que, por detrás dos segmentos que defendem o financiamento
privado de campanhas eleitorais estão os mesmos que pregam a criminalização dos
movimentos sociais e até mesmo de crianças e adolescentes etc.
Portanto,
diante da crescente desigualdade social, entendemos que a luta de classes está
cada vez mais acirrada, fazendo com que sejam disseminados, na sociedade, os sentimentos
de segregação e ódio, próprios do fascismo e de um estado de exceção, retomado
com mais evidência a partir do onze de setembro de 2001 (Giorgio Agamben), sob
o rótulo do “terrorismo”, que, no passado, denominavam de comunismo totalitário.
Bibliografia:
AGAMBEN, G. Estado de excepção. Lisboa: Edições 70, 2010.
AGOSTINHO,
S. Sobre a potencialidade da alma.
Petrópolis, Vozes, 1997.
LOSURDO,
D. A luta de classes: uma história
política e filosófica. São Paulo, Boitempo, 2015.
PIKETTY, T. O capital do século XXI. Rio
de Janeiro: Intrínseca, 2014.
ROUSSEAU, J.J. O contrato social. São Paulo: Editora
Cultrix, 1995.
WOOD, E.M. Democracia contra capitalismo: a renovação do materialismos histórico.
São Paulo: Boitempo, 2011.
ZIZEK, S. Violência. Seis notas à margem. Lisboa: Relógio D’Água, 2009.
Exatamente assim!Estou pensando como será o mundo daqui 05 anos! O pobre vai conseguir sobreviver? Teremos empregos? São tantas perguntas e pelo que observo sem respostas...terei que aguardar para ver como será o mundo daqui 05 anos! Enquanto isso, continuo orando e confiando na justiça Divina!!! Que Deus na infinita bondade nos abençoe!!
ResponderExcluir