A elite brasileira sempre optou pelo
subdesenvolvimento, uma vez que nunca apostou no crescimento de todos, que somente pode ocorrer com o surgimento de
uma classe trabalhadora com capacidade de consumo para dinamizar a economia e o
desenvolvimento nacional.
Ao postergar o progresso da sociedade
como um todo, a elite brasileira imagina ser possível controlar a maioria da
população, que não tem como prosperar e se desenvolver.
Quando se tentou mudar esta lógica, a
partir do início do século XXI, com a ampliação da renda dos trabalhadores
mediante reajustes genuínos do salário mínimo, e, também, com a implantação de programas
de distribuição de renda, iniciou-se o mal-estar político no país. E tal insatisfação
foi claramente atribuída às políticas públicas que geraram alguma forma de
cidadania aos trabalhadores, promovendo melhorias reais em suas vidas.
O patrimonialismo brasileiro, forjado nas
bases do coronelismo, mantém-se ativo até hoje, mesmo no Brasil urbano, em que
“compadrio” e “filhotismo” ainda prevalecem. E tem como comportamento histórico
da elite política nacional a proposta de que o Brasil tem vocação para o
atraso. Para esse grupo, é melhor viver
sem progresso para a maioria esmagadora da sociedade, desde que tenham o direito
de usufruir para si as sobras dos povos desenvolvidos.
Tal é o modelo adotado deste a fundação
do país, em que o processo econômico é pautado na exportação de riquezas
naturais, com utilização de mão de obra estrangeira escrava, oriunda do
continente africano, ou de colonos europeus miseráveis, que para cá migraram em
busca de sobrevivência, no final do século XIX e início do XX.
Em pleno século XXI, muito recentemente, milhões
de pessoas no Brasil saíram da escuridão absoluta, enquanto outros milhões de
brasileiros ainda vivem sem saneamento básico, em cidades do país onde vive
mais de 80% da população.
Água encanada e esgoto tratado são vistos
como privilégios, ainda que possam constituir atividade econômica muito
rentável. Isto demonstra a opção da
elite brasileira pelo atraso sem medida, uma vez que preferem não explorar uma
atividade econômica com capacidade de gerar mais qualidade de vida e muitos postos
de trabalho, e, especialmente, renda e lucro para os prováveis investidores neste
tipo de negócio.
Por outro lado, agentes políticos e
econômicos – associados a interesses de empresas estrangeiras – uniram-se parar
destruir os segmentos geradores de empregos em massa, empurrando os trabalhadores
para o desemprego coletivo, como se observa no processo de desmonte da
indústria naval, recém recuperada nos primeiros anos do século XXI no Brasil, e
também nos acirrados ataques à maior empresa brasileira, a Petrobras –
detentora das maiores reservas de petróleo do mundo.
Na verdade, a elite brasileira – que se
julga culta e superior na América Latina
– não sabe nem como ganhar dinheiro trabalhando, porque, na verdade, trabalhar
nunca constituiu o forte desta gente, que vive da exploração e da renda.
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