Política não se faz com moral, como
pretendem os meios de comunicação tradicionais no Brasil, os quais, em sua
sanha de desconstruir um país inteiro, tentam impor um quadro de terror e
desordem, como se tem visto nos últimos tempos.
Com efeito, política se faz com muita luta e resistência.
E é esta resistência que as forças
reacionárias e golpistas não esperavam encontrar no Brasil de 2016, na medida
em que, por décadas, trabalharam para despolitizar toda uma sociedade, por meio
da vulgarização e desrespeito pela cultura do povo. Os cidadãos foram (e
continuam a ser) massificados, até se verem reduzidos à ausência de consciência
crítica e temerosos do conceito de luta de classes, para não compreenderem que
são explorados diariamente, em favor de uma pequeníssima minoria rica.
É necessário ressaltar o fenômeno de que,
neste momento, grupos sociais, antes
isolados e segmentados, diante da tentativa de criminalização do ex-presidente
Luís Inácio Lula da Silva e da tentativa injurídica de impedimento e deposição
da presidenta Dilma Roussef, se unem num
esforço de resistência contra as forças midiáticas e os grupos políticos
oligárquicos tradicionais, que – sem proposta política para a sociedade –
buscam, de forma truculenta, dar um golpe pela via institucional, que
desrespeita o resultado da última eleição presidencial.
Desde as marchas de ruas de 2013, a mídia
conservadora trabalha na construção do que Ortega y Gasset denomina “homem
massa”. Esta massa, na ignorância completa da sua própria história, acredita
que o Poder Judiciário (o único poder de origem feudal e aristocrática) poderá
limpar com suas “mãos” todos os males de um país, que, ao contrário do que
propaga a mídia tradicional, finalmente avançou
no campo social e econômico, mesmo diante da brutal crise mundial do
capitalismo, que está em curso desde 2008.
É importante dizer que o Poder Judiciário
não é o local apropriado para disputas políticas. Estas devem se dar nos
embates de ideias nos espaços públicos, no parlamento e nos governos; os juízes,
quando muito, podem servir como força auxiliar para se alcançar a conciliação e
tentar estabelecer o equilíbrio das forças políticas e sociais.
Mas jamais podem servir de instrumento de
politização, como se tem visto com frequência por parte de certos magistrados, hipnotizados
pelos holofotes das câmeras e movidos por uma falsa crença de que podem reformar
um país ainda com uma estrutura coronelista, que começou a ser vencida nos
últimos anos. Com certeza, esta é a senha para a tentativa do retrocesso.
Os meios de comunicação tanto instigaram
as multidões que se pode afirmar que, no atual momento, perderam o controle sobre elas. Tanto é assim que políticos
tradicionais, que acreditavam ser apoiados pelas massas, foram expulsos da
marcha do dia 13 de março de 2016, em São Paulo, sob xingamentos de “ladrão”,
“corrupto” etc.
Depois da revelação da lista da
construtora Odebrecht, em 23/03/2016, outros políticos conservadores e
reacionários foram igualmente hostilizados por todo o país.
Diante da divulgação da referida lista,
fica totalmente prejudicada qualquer tentativa de processamento do pedido de impeachment
da presidenta da República (que não cometeu delito de qualquer natureza, seja
contra a Constituição ou previsto no código penal), perante uma legislatura
totalmente desmoralizada e desgastada.
A mesma hostilidade poderá se voltar, em
breve, contra a própria mídia tradicional e seus escribas, e também contra o
juiz, eleito para ser o salvador da
pátria, que interceptou ilegalmente os telefones do Palácio do Planalto e, como
ele mesmo confessou, vazou o conteúdo da referida interceptação telefônica para
os grupos de mídia que lhe dão cobertura.
Uma
pergunta que não quer calar: que interesse tem o Poder Judiciário em fazer chegar
ao conhecimento da sociedade a lista dos políticos que receberam dinheiro da
construtora, sendo que na lista não estão os nomes da presidenta Dilma nem do
ex-presidente Lula, mas de todos os outros importantes políticos defensores do
golpe institucional?
A resistência
contra o golpe torna-se cada dia maior e acontece em vários setores da
sociedade, como bem se viu na manifestação da cineasta Anna Muylaert, ao receber
o prêmio concedido pelo Jornal O Globo (que integra o oligopólio das Organizações
Globo), na noite de 23 de março de 2016, quando lembrou publicamente que, no
Brasil de hoje, os filhos dos pobres
passaram a estudar nas universidades brasileiras e, por isso, dedicava o troféu
recebido ao ex-presidente Lula e à presidenta Dilma.
Ou seja, existe resistência, organizada
ou não; a resistência está nas ruas, praças, nas universidades, escolas,
sindicatos, favelas etc. A grande besta
jamais poderia imaginar que encontraria resistência e, muito menos, que
fosse manifestada dentro do seu intestino, como fez Anna Muylaert na noite de
23 de março.
Com efeito, é esta resistência política
diária, que se espalha país afora, que
faz surgir uma potência tão forte e contagiante que neutraliza o cheiro de enxofre
e estabelece o equilíbrio de forças, tão necessário na política e que,
mesmo com todas as tentativas de cambalhotas jurídicas, irá barrar o descabido
e despropositado pedido de impedimento da presidenta da República, eleita pela
vontade da maioria do povo brasileiro e que, como já dito, não tem contra si
qualquer acusação de corrupção ou de prática de qualquer delito que seja, opostamente aos seus adversários!
A única e risível acusação que recai
sobre a presidenta da República é ter utilizado o dinheiro emprestado pelos
bancos públicos para pagar o bolsa família. Esclareça-se
que o empréstimo foi quitado e que o expediente contábil, retoricamente chamado
de “pedalada fiscal”, explorado pela mídia para confundir a população, sempre
foi utilizado por todos os governos anteriores.
Ao contrário do que pretendiam, os meios
de comunicação social colaboraram para politizar e mobilizar o país, que se
apresenta na defesa da democracia e pela restauração do estado de direito,
rompido por atos de alguns integrantes do Poder Judiciário, sob o patrocínio da
mídia.
Hoje o mundo inteiro sabe que, no Brasil,
existem golpistas que trabalham contra o desenvolvimento do seu próprio país e
de sua gente sofrida, cujos filhos
jamais serão servos, como no passado foram seus pais; porque a esperança
tem vindo dos subúrbios e periferias, onde se “pensa com os pés” uma realidade
distinta daquela das varandas dos edifícios de apartamentos, cercados de grades
por todos os lados.
Resistência que não venha só da periferia, mas da classe média convertida, de intelectuais, políticos e juristas sérios , Igrejas, movimentos sociais, estudantes...
ResponderExcluirQue com os pés fincados no chão da história, as mãos Unidas contra todo e qualquer tipo de preconceito e o coração ardendo de fraternidade, possamos nos sentir coerentes com o pais que queremos e uma nação forte, onde o povo não se deixa manipular por midias tendenciosas e desagregadoras.