A
História do Brasil registra que, no golpe militar-civil de 1964-1985, os meios
de comunicação exerceram papel fundamental para a destituição de um governo
legitimado pelo voto popular e que trabalhava para promover as transformações
de base necessárias ao país.
Nestes
dias de abril de 2016 (11-17), que antecedem ao julgamento pela Câmara dos
Deputados, que decidem se deve ou não ser aceito o pedido de abertura do
processo do “inexequível impeachment” contra Dilma Rousseff - que nenhum delito
cometeu de qualquer natureza - os meios de comunicação iniciaram uma guerra
suja psicológica, em que, em manchetes garrafais, alegam a debandada de deputados
para votar a favor do impeachment.
Ao
contrário do que anuncia a mídia e seus
sabujos de plantão, esta é a senha de que a direita golpista não tem os 2/3 de
votos necessários para a abertura do processo de impeachment. Se tivessem, não
estariam fazendo esse tipo de divulgação nem tentando, desta maneira, cooptar
deputados que possam ainda estar em dúvida, para, assim, enfraquecer a
resistência das forças populares contra o golpe e em defesa da democracia e do
estado do direito; democracia e estado do direito que não existem no Brasil,
neste momento, por culpa exclusiva do Poder Judiciário, que se intrometeu na
política e, para escárnio máximo, ainda permite que o presidente da Câmara dos
Deputados, que responde a processo
criminal no Supremo Tribunal, possa comandar
o julgamento do pedido de abertura do impeachment, de forma vingativa,
oportunista e arbitrária.
O
Supremo Tribunal Federal – como escrevi em outras oportunidades – fechou os
olhos aos abusos do juiz primário e “absolutamente incompetente” do Paraná, em
sua confessada prática dos graves delitos de vazamento de informação à mídia e
da interceptação telefônica da instituição da Presidência da República.
Ou
seja, no Brasil a direita reacionária pode tudo, inclusive estabelecer um
absurdo “terceiro turno” após estarem concluídas as eleições, para tentar ganhar
na marra o controle do Estado. É o que sonham e pretendem, ao tentar afastar uma
mulher, a presidenta eleita pelo voto popular da maioria do povo brasileiro.
O
argumento que o sabujo “moreno”, lacaio a serviço do desprestigiado e golpista
O Globo, utilizou para justificar o golpe, dizendo que na Câmara dos Deputados
residem mais de 100 milhões de voto, é tolo, para não dizer ridículo. A
legislatura de 2015-2019 (a pior na história republicana do país) não foi eleita para cassar o mandato de uma
governante eleita pelo voto da maioria do povo brasileiro. Como determinam as
regras da democracia liberal, esta legislatura, como todas as outras, deveria
representar os interesses do povo no parlamento, e não agir de forma a violentar
a Constituição e o estado de direito.
Imaginem
se prevalecer o tal entendimento, doravante nem o direito adquirido nem o ato
jurídico perfeito serão respeitados,
podendo a legislatura determinar – com a omissão do Judiciário, como se tem
visto – a cassação de aposentadorias, a expropriação de propriedades para os
segmentos que representam e quaisquer outros absurdos que inventem.
Este
é o quadro de caos que a direita reacionária implantou no Brasil nos últimos
meses, ao não aceitar a derrota na eleição presidencial de 2014. Porém, como
registrado no passado, serão estes deputados do PSDB os primeiros a serem
cassados, pois não terão força para controlar o despudor de Eduardo Cunha,
Bolsonaro, Feliciano, Malafaia e outros do mesmo nível, que não terão piedade
“divina” com ninguém e se sentirão os donos do Brasil.
Os
que marcharam de verde e amarelo e chamaram a presidente Dilma de “cobra”
também perceberão tarde demais o erro que cometeram, ao pregar e incentivar o
golpe. Servidores públicos (burocratas, assim chamados pelos nazistas na
Alemanha dos anos 1933-1944) também pagarão a conta e sofrerão com o
congelamento de seus salários e a perda de direitos, até mesmo o de
aposentadoria. Para os golpistas, os únicos interesses a serem resguardados são
os seus e os de seus patrões.
Como
registra a História, sempre que as regras da liberdade burguesa foram violadas,
foi por ação da própria direita, o que atesta que o estado de exceção, ao
contrário do que anunciam, é uma invenção exclusiva dos liberais. Quem
estudou o mínimo de história sabe.
Por
isso, porque tem conhecimento da derrota (pois eles não detêm os 2/3 dos votos
necessários), a mídia reacionária parte hoje para uma guerra suja, na esperança
de convencer algum indeciso de que não está em curso um golpe contra o atual governo e
contra a democracia; vale lembrar que até mesmo a Organização dos Estados Americanos reconhece a gravidade da violação da ordem democrática no Brasil. Realmente há um golpe em curso, e este é
promovido por essa oposição que trabalha contra os interesses do país,
capitaneados por Michel Temer, Eduardo Cunha, Aécio Neves e outros.
Por
isso, a militância popular contra o golpe e pela defesa da democracia não pode
desanimar; ao contrário, precisa buscar mais forças e sair às ruas no domingo,
pela retomada da democracia e do estado de direito, rompido por um grupo de
reacionários aliados a segmentos dos meios de comunicação social que não têm
compromisso com a verdade e que sempre trabalharam contra o Brasil e o povo.
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