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O país ingovernável

  Por Jorge Folena   No dia 27 de julho de 1988, o ex-presidente José Sarney, com certo tom de ameaça, dirigiu-se aos constituintes, em cadeia nacional de rádio e televisão, para afirmar, ao longo de vinte e oito minutos, que o texto constitucional que estava para ser aprovado deixaria “o país ingovernável”.  Na verdade, José Sarney manifestou na ocasião os interesses mais atrasados da classe dominante brasileira, que entendia que o reconhecimento dos amplos direitos sociais inseridos na Constituição brasileira de 1988 teria um grande impacto sobre o orçamento geral da União, controlado para satisfazer apenas os interesses dos muito ricos, deixando os pobres entregues à própria sorte. É importante lembrar, por exemplo, que, antes da Constituição de 1988 não existia o sistema único de saúde com atendimento universal para todos os brasileiros.  E o presidente Sarney, com o velho e surrado argumento, afirmava que o novo texto constitucional representaria um desencorajamento à produção, in
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Superação do fascismo no Brasil

A nau dos loucos de H. Bosch Por Jorge Folena   Infelizmente, as instituições têm normalizado o fascismo no Brasil. E foi na esteira dessa normalização do que deveria ser inaceitável que, na semana passada circulou nas redes sociais (em 02/07/2024) um vídeo de treinamento de policiais militares de Minas Gerais, em que eles corriam pelas ruas cantando o refrão “cabra safado, petista maconheiro”. [1] O fato configura um absurdo atentatório à Constituição, pelo qual todos os envolvidos (facilmente identificáveis) deveriam ter sido imediatamente afastados das suas funções, inclusive sendo determinadas prisões disciplinares, e, em seguida, sendo processados administrativa e criminalmente.  Outro caso esdrúxulo foi o de um desembargador do Paraná, que em plena sessão de julgamento, não teve qualquer escrúpulo em derramar toda a sua misoginia, ao criticar o posicionamento de uma mulher (o caso analisado no tribunal era de uma menina de 12 anos, que requereu medida protetiva contra a prática d

O fascismo e a lava jato permanecem ativos no Brasil

  O agitador de George Grosz, 1928. Por Jorge Folena A operação Lava Jato é um braço do fascismo no Brasil e ambos estão a serviço do imperialismo exploratório, que atua para manter o país submisso aos interesses norte-americanos. Eleitoralmente, o fascismo foi derrotado nas urnas em 30 de outubro de 2022, com a vitória do presidente Lula sobre o golpista-mor, que em duas oportunidades foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral, mas continua a atuar livremente, inclusive participando do horário de propaganda partidária gratuita, pedindo votos para seus candidatos que disputarão as eleições neste ano. Passados quase um ano e meio da intentona golpista de 8 de janeiro de 2023, o fascista que liderou a tentativa de golpe de estado e todo o seu séquito sequer foram processados criminalmente, o que deixa evidente a tolerância pacífica das instituições políticas e da classe dominante em relação  aos golpistas. De modo bem diferente, na tentativa de golpe de estado que ocorreu

O direito das mulheres à vida e a luta contra o patriarcado

Por Jorge Folena   Ao longo dos séculos, a maior luta das mulheres no mundo tem sido sempre contra o patriarcado, que impõe todo tipo de violência e opressão contra elas. Nos contos que integram a obra Mulheres, apresentados a partir de lendas dos povos indígenas, Eduardo Galeano narra as tentativas de subjugação do matriarcado e de eliminação do sistema comunal, que vigorava nos tempos em que as mulheres, além da importante atribuição de caçar e pescar para alimentar a todos, tinham plena e total liberdade, pois “saíam das aldeias e voltavam quando podiam ou queriam”, ratificando a sua autonomia. No conto “A autoridade”, o autor narra que “Os homens montavam as choças, preparavam a comida, mantinham acesas as fogueiras contra o frio, cuidavam dos filhos e curtiam as peles de abrigo.” Porém, insatisfeitos com sua posição, decidiram usar sua força para destruir aquele sistema, subjugar as mulheres e tomar para si as atribuições que antes a elas pertenciam. Essa violenta superação do mat

Por um ministério junto ao povo

                 Fotografia: Ricardo Stucker Por Jorge Folena  “Um mapa do mundo que não inclua Utopia não merece nem um olhar de relance” . Trago à lembrança esse pensamento de Oscar Wilde diante da realidade no Brasil e no mundo, que exige de todos uma reflexão profunda para  que possamos melhor encaminhar o destino  do Brasil e  da humanidade. Na noite  de  30 de outubro de 2022,  quando saiu o resultado do  segundo turno da eleição presidencial do Brasil  e foi declarada  sua  vitória   sobre o  candidato da extrema direita,  o  P residente Lula já  tinha conhecimento d as dificuldades que enfrentaria para governar um país  polarizado politicamente,  cuja economia encontrava-se estagnada.  Por isso, no  se u  pronunci amento  para os brasileiros e o mundo ,   ele  apresentou um pacto de reconstrução e união nacional,  pois sabia  que  enfrentaria  um parlamento formado na sua quase totalidade por   liberais e fascistas , seguidores da cartilha do neoliberalismo, com o poder de prom

O HOMEM QUE RASGOU A CONSTITUIÇÃO

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado  Por Jorge Folena   O TSE, num grande esforço interpretativo ,  em minha opinião , livrou o senador Moro da cassação do mandato  pel a acusação de abuso de poder econômico. Ele comemorou e  faz  planos  para  tentar se eleger governador pelo Paraná e ,  quem sabe ,  retomar  sua  candidat ura  à presidência da República, com o apoio da classe dominante brasileira.  Diante de ssa  vitória momentânea , precisamos  r elembr ar   as violações à ordem constitucional promovida s  pelo senador quando  no cargo de  juiz. O golpe contra a presidente Dilma Rousseff, em 2016, abriu no Brasil as portas para o fascismo declarado e descarado ,  cujos agentes  de  maior  apelo  são Jair Bolsonaro e S e rgio Moro; sendo  o  último mais perigoso  que o primeiro  para o povo brasileiro.  Moro, com suas roupas escuras e “aparência limpinha”,   integrou  a burocracia   repressiva que  atuou abertamente  contra a Constituição de 1988 e seus princípios fundamentais. Além