Pular para o conteúdo principal

ESTADO DE EXCEÇÃO EM CURSO NO BRASIL


O italiano Giorgio Agamben afirma que “o estado de exceção moderno é uma criação da tradição democrática-revolucionária e não do absolutismo”. O historiador Eric Hobsbawm afirma que todas as vezes em que as liberdades democráticas foram violadas, no Século XX, foi pelas mãos dos liberais para barrar os avanços sociais.
Decretado definitivamente o golpe de estado jurídico-institucional, no Brasil, com o afastamento definitivo da presidenta Dilma Roussef (do cargo para o qual foi eleita pela maioria do povo brasileiro em novembro de 2014  e para exercer suas funções até 31 de dezembro de 2018), iniciou-se uma nova fase de restrições às liberdades individuais e coletivas.
No dia 31 de agosto de 2016 o primeiro ato do governo ilegítimo, sem respaldo popular, foi proibir expressamente que se diga que ocorreu um golpe de estado no Brasil em 2016, como se fosse possível esconder a farsa planejada. O segundo ato, no mesmo dia, foi decretar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), prevista no artigo 142 da Constituição, que autoriza a intervenção militar sobre a sociedade civil.
Como pretexto para decretar a GLO foi utilizado o revezamento da tocha paraolímpica, que passou por diversas cidades brasileiras entre os dias 01 e 07 de setembro de 2016.
Nas grandes manifestações de protestos, feitas desde o dia 31 de agosto de 2016, tem sido constatada uma excessiva repressão policial contra a massa popular, que está exigindo eleição direta já, uma vez que que o governo atual não tem qualquer respaldo da soberania popular, mesmo tendo sido eleito na chapa liderada por Dilma Rousseff. Com honestidade, pode-se dizer que ninguém votou no vice-presidente, sem carisma e sem ideias.
O governo ilegítimo leva adiante o plano de reduzir os direitos sociais, especialmente os direitos dos trabalhadores, com a ampliação da jornada, a precarização das relações de trabalho e as restrições ao direito previdenciário. Os gregos conhecem bem este receituário, proposto pelos bancos a governos fracos e que se colocam contra sua gente.
Para levar a cabo estas propostas, existe apenas uma fórmula: repressão para intimidar o povo. Para isto, a ação policial é fundamental, como se viu nas manifestações de São Paulo, no domingo 04 de agosto.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

GOVERNO LULA SOB ATAQUE: a conspiração lavajatista continua

     Foto de Ricardo Stuckert Por Jorge Folena O Governo Lula ainda não completou 100 dias, não tomou qualquer medida dura contra o mercado financeiro nem conflitou com a classe dominante, porém os lacaios de sempre já disparam sua ofensiva nos meios de comunicação tradicional,  a fim de tentar domesticar o presidente.  Nesta última semana,  entre os dias 20 e 22 de março, a visita de Xi Jin Ping a Vladimir Putin deixou  definitivamente evidente a formação do mundo multipolar e o processo de declínio do império anglo-americano, que ao longo de mais de dois séculos de dominação não apresentou qualquer alternativa de esperança e paz para os povos do mundo; ao contrário, deixou um legado de guerras, destruição, humilhação e exploração. Exatamente ao final daquele encontro e diante dos preparativos para a viagem do Presidente Lula à China, o céu desabou sobre a cabeça do representante do Governo brasileiro, que está sendo atacado pelos lavajatistas plantados pelo Departamento de Justiça no

GARANTIA DA LEI E DA ORDEM: incompatível com a República

Proclamação da República, Benedito Calixto, 1893. Por Jorge Folena [1]   Em agosto de 2019, diante das pressões políticas de grupos autoritários e da tentativa de fortalecimento da extrema-direita na Alemanha, foi retomado o debate naquele país sobre “os três erros fundamentais da Constituição de Weimar”, que completava cem anos naquela oportunidade. Os três erros da mencionada constituição seriam os artigos 24, 48 e 53 que, respectivamente, previam em linhas gerais que: (a) o presidente poderia dissolver o parlamento; (b) o presidente poderia, com a ajuda das forças armadas, intervir para restabelecer a segurança e a ordem pública; e (c) a nomeação do primeiro ministro como atribuição do presidente. Como afirma  Sven Felix Kelerhoff [2] ,   essas regras eram “herança da constituição do império”, que a ordem republicana, introduzida em Weimar  em 1919, não foi capaz de superar e possibilitaram a ascensão do nazismo de Hitler, na Alemanha, a partir de 1933. Para nós no Brasil é muito im

INÍCIO DA TEMPORADA DE CAÇA AOS OPOSITORES DO GOVERNO

Caçada na floresta, Paolo Uccello, 1470  Por Jorge Folena [1]   Divirjo totalmente do governador do Estado do Rio de Janeiro, eleito em 2018 na onda da extrema direita, que empregou métodos de propagação de mentiras sistemáticas pela rede mundial de computadores, com forte evidência de abuso de poder econômico, como está sendo examinado pelo Tribunal Superior Eleitoral em relação à chapa vencedora, de forma questionável, na eleição presidencial. O governador do Rio de Janeiro não apresentou, até aqui, qualquer política pública para melhorar a vida da população pobre do Estado, mas incentivou, desde o primeiro dia de seu governo, a continuação de práticas policiais abomináveis e desumanas, tendo sugerido à polícia “mirar na cabecinha” para o abate de seres humano. Contudo, mesmo com todas as divergências contra o governador, não é possível aceitar, com passividade, o seu afastamento do cargo por decisão liminar proferida por um ministro do Superior Tribunal de Justiça; que, em verdade,